Guia do ciclista

13 de setembro de 2022 | Categoria: Mountain

Conheça 10 tendências que o Enduro levou para o XCO

Sempre existiu uma migração de tendências e tecnologias entre diferentes modalidades, do DH ao road, e sempre foi difícil falar onde elas surgiram primeiro.

Por Breno Bizinoto

Lembro-me quando comentávamos que as roads estavam ficando mais parecidas com as MTB por que adotaram o freio a disco, os pneus cada vez mais largos e os cassetes traseiros ficavam cada vez maiores e com mais marchas.

O mesmo movimento aconteceu nas bikes de XCO: cada vez mais robustas, mais preparadas para descidas e com alguns setups de peças e medidas que lembram o bike fit do downhill e do enduro. Vamos às principais tendências:

 

01 – Pneus mais largos

Era muito comum ver atletas de XCO usando pneus 2.0 ou até menores em um passado não muito distante. Hoje, as medidas mais cobiçadas são 2.35 e 2.40. Acontece que caiu por terra a ideia de que pneus largos freiam a bicicleta. Todos entendemos a verdade: Eles promovem segurança e estabilidade. Basta combinar um bom desenho de cravos (nem muito alto, nem muito baixo) com um tipo de borracha apropriado (nem muito dura, nem muito macia) e o ponto de equilíbrio entre a segurança e a rolagem passa a ser bem mais adequado do que era tendência antigamente.

 

02 – Aros mais largos

Os aros mais largos alteram ainda mais o diâmetro dos pneus, deixando o conjunto ainda mais estável. Acontece é que não adianta instalar um pneu muito largo em um aro estreito, pois vai acontecer uma flexão no encontro entre os dois quando o atleta fizer uma curva mais agressiva. Para manter a estabilidade, ambos devem ter largura superior ao que se utilizava antigamente. Hoje em dia, as MTB utilizam medida interna do aro de 30 mm. Pasmem, até as roads seguiram o conceito e aumentaram a largura dos seus aros.

 

03 – Mesas mais curtas

A pilotagem passa a ser mais assertiva quando a mesa da bike diminui. Muitos atletas de XCO demonstraram resistência para essa tendência, pois isso subia a posição das suas costas, gerando perda da aerodinâmica e da posição que estavam acostumados. Acontece que com uma mesa menor, o giro do guidão passa a ser mais responsivo devido ao raio de giro ser menor do que quando você tem uma mesa longa.

 

04 – Alcance das bikes ficou mais longo

Como as mesas diminuíram, os quadros mudaram. O alcance (reach, ou na imagem acima, onde lê-se “comprimento”) passou a ser maior. Essa é uma medida difícil de se perceber, mas basta comparar as tabelas de geometria em bikes mais antigas (antes de 2018) com as atuais e vamos observar que esse alongamento do reach foi uma realidade para as bikes ficarem mais agressivas.

 

05 – Canote retrátil

Ok, esse deveria ser o primeiro item da lista, mas por ser tão óbvio, decidimos deixar ele mais pra baixo. Sem dúvidas, um dos maiores avanços tecnológicos da história do MTB. Não pela complexidade da tecnologia, mas pela mudança que proporcionou aos atletas. Em termos de mudança na pilotagem, essa tecnologia foi muito mais expressiva do que a criação das suspensões traseiras e até das rodas aro 29.

 

06 – Cursos de suspensão mais longos

 

O que parecia ser algo padrão e imutável está crescendo aos poucos. Jamais imaginamos que os 100 milímetros de curso de suspensão poderiam ficar pequenos para o XC, mas está bem claro que sim. Suspensões de 110 e 120 mm já são uma realidade na ponta do pelotão de Cross Country Olímpico. No enduro, medidas como 160 a 180 mm imperam.

 

07 – Suspensões com canelas mais largas

Mais importante do que o curso adequado é ter a espessura adequada. Nos primórdios do enduro foram fabricadas suspensões de 140 mm de curso sem terem a devida espessura para isso. Essa combinação cria uma peça muito esbelta, entenda-se, fina, sem estabilidade. O efeito alavanca que se cria em uma peça tão grande e fina é capaz de fazer com que ela se deforme e promova movimentos indesejados, até aumentando o risco de quebras. Como a maioria das tendências aqui citadas, a regra é ficar mais robusto e mais estável.

 

08 – Eixos passantes

 

Eles vieram um pouco antes do boom do enduro. Ainda são fabricadas bikes, rodas e suspensões que utilizam as blocagens convencionais antigas, mas essas ficaram só para as bikes de entrada com o intuito de baratear os custos. Os eixos passantes, muito mais largos e robustos, proporcionaram maior estabilidade para as rodas. Até as roads já adotaram o formato.

 

09 – Menos cabos

Antigamente todos os cabos passavam por fora do quadro da bicicleta. Depois de inventarem o cabeamento por dentro do quadro, foram aumentando a tecnologia e ocultando os cabos ao máximo, passando por dentro dos guidãos, mesa e garfo. Em paralelo, já estavam sendo desenvolvidos os câmbios eletrônicos, que colocam um fim definitivo nos cabos de marchas e de acionamento do dropper.

Não que essa seja uma tecnologia vinda do enduro, mas no caso dele, os atletas preferem até não utilizar travas de suspensão com acionamento no guidão, com o intuito de deixar a bike ainda mais limpa e com menos comandos.

Resta saber se algum dia teremos um sistema de freios sem fio. Será?

 

10 – Tudo mais largo, tudo boost

A regra de deixar os componentes e acessórios mais largos buscando estabilidade foi aplicada em tudo. Não foram só os pneus, suspensões, aros e eixos. A filosofia de adicionar resistência, independente do peso, foi aplicada também para o quadro, link da suspensão, eixos da balança, movimento central, cubos, rolamentos, mesas e guidões. Quanto mais robustas forem as peças, maior será a segurança e dirigibilidade da bike em situações extremas.

Percebam que nenhuma dessas tendências falam sobre o peso como uma prioridade. Tudo bem tentar economizar algumas gramas aqui ou ali, mas aquela brincadeira de construir bikes cada vez mais leves é passado. Nos dias de hoje, ela só serve para fazer fotos no Instagram.

Quando você for escolher as suas próximas bikes, componentes e acessórios, já sabe o que priorizar: robustez, segurança e estabilidade.

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