Guia do ciclista

29 de junho de 2022 | Categoria: Indoor, Mountain, Road, Triatlon, Urban

06 inimigos da sua bicicleta

Por Breno Bizinoto

Todo mundo já sabe que o cuidado com o equipamento é algo primordial para a gente conseguir pedalar bem sem gastar rios de dinheiro com manutenção. Alguns erros no cuidado com a bike podem resultar em peças danificadas ou desgastadas prematuramente, te obrigando a fazer a troca bem antes do planejado. Ainda podem ocasionar um enorme problema de ruídos ou folgas, que vão atrapalhar a sua pilotagem ou ocasionar um acidente.

Vamos aos principais problemas:

  1. Lavagem excessiva do equipamento

Sim, lavar demais a sua bicicleta pode ser prejudicial. O que acontece é que a água em excesso sempre foi um problema para as bikes, seja ela proveniente da chuva, poças d’água, rios ou mesmo das lavagens excessivas.

Este é um tema polêmico, pois algumas pessoas entendem que estamos recomendando que você ande com a bike suja – o que não é verdade. A sujeira é sim prejudicial para algumas partes do seu equipamento, mas para outras partes é somente uma questão estética.

É preciso entender que lavar a bike significa tirar a sujeira de locais inofensivos, como os tubos do quadro, e fazer essa sujeira caminhar junto com a água e sabão até locais críticos, como os rolamentos e relação da bike.

É normal que a água da lavagem acabe entrando nos cubos e movimento central da bike. E o pior de tudo é que ela leva sujeira e sabão junto.

Jateadoras de alta pressão são um crime para as partes críticas da bike. Entenda por “partes críticas” principalmente aquelas que tem rolamentos e peças engraxadas internas, como cubos, movimento central e caixa de direção.

Costumo dizer que a limpeza realmente essencial é a das “partes íntimas” da bike: relação. Corrente, cassete, coroas e polias do câmbio. Essas devem estar sempre limpas e lubrificadas. Fazer a lavagem dessas peças sem se preocupar com o resto da bike não é um descaso, mas pelo contrário, é algo que preserva o equipamento. Apesar de não ser esteticamente a melhor opção, isso garante maior durabilidade das graxas internas da sua bike.

  1. Sujeira nos retentores da suspensão

Vale também para o canote retrátil. Nessas peças existe um atrito constante de um tubo com um retentor. Isso exige lubrificação, o que naturalmente faz acumular sujeira. Essa sujeira deve ser retirada todos os dias, mas sem o uso de água, sabão e desengraxante!

Mais uma vez, a água pode acabar entrando no sistema e criando um problema ali. Algumas empresas oferecem produtos específicos para limpar os tubos das suspensões e seus retentores. Eu uso o próprio óleo de suspensão para fazer essa limpeza. Tire o excesso com um papel higiênico e pronto

Tome nota que você não deve utilizar ali óleo de corrente ou desengripantes. Eles vão corroer a borracha dos retentores, por isso a recomendação é que se utilize somente óleos próprios para lidar com borrachas, que é o caso dos óleos de suspensão.

  1. Guardar a bike de cabeça para baixo

Essa é uma dúvida comum. Por quê a bike não pode ficar virada pra baixo? Existe só um motivo: a gravidade puxa os óleos pra baixo. Portanto, os sistemas afetados serão os freios hidráulicos e as suspensões a ar e óleo.

É possível que o seu freio fique mais baixo ou até sem funcionar. No caso da suspensão, não sei explicar tecnicamente o problema que pode acontecer, mas certamente a câmara de óleo que tem lá dentro não foi feita para ficar de cabeça para baixo, podendo vazar ou acumular bolhas de ar em locais indevidos.

O mesmo fenômeno pode acontecer para as bikes que ficam dependuradas na parede, em posição vertical. Não é muito saudável.

É óbvio que, não tem nenhum problema que a sua bike fique nessas posições por alguns minutos somente, basta testar os freios antes de sair pedalando e tá tudo ok. O que não é saudável para o equipamento é que a sua bike fique guardada todos os dias nessas posições anti-gravitacionais.

Caso o seu freio não seja hidráulico ou a sua bike não tenha suspensões, como é o caso das road bikes, pode guardar ela em pé, deitada ou qualquer posição, não vai fazer nenhuma diferença.

  1. Guardar a bike com os bicos tubeless virados para cima

Mais uma vez a lei da física mais conhecida do mundo aparece. A força gravitacional pode entupir os bicos tubeless enquanto a sua bike está descansando. Triste ne?

Para isso ser resolvido, basta que você gire as rodas até os bicos ficarem posicionados na parte mais baixa, em posição em pé, fazendo com que o líquido escorra e caia de volta para o pneu. Se os bicos ficarem na posição inversa, vai acontecer um acumulo de líquido nos bicos, que podem secar e entupir as válvulas.

  1. Guardar a bike com os câmbios tensionados

 

Existem controvérsias sobre essa teoria. Vamos por partes.

Se você deixa a sua bike com a corrente posicionada nas maiores engrenagens (cassete grande e coroa maior), as molas dos câmbios estarão esticadas. Esse esticamento não é saudável e promove um desgaste prematuro da mola, fazendo com que ela perca a sua tensão original.

O correto é guardar a bike com a corrente nas menores engrenagens (cassete pequeno e coroinha), deixando então as molas aliviadas e recolhidas, sem nenhuma tensão durante tantas horas que a bike ficará parada.

Algumas teorias físicas dizem que isso é somente um mito, e que na verdade a mola não perde a sua tensão por ficar esticada, mas sim pela quantidade de ciclos que ela exerce. Essa teoria vem dos fabricantes de armas, que discutem se é saudável para os carregadores e percussores de pistolas que as suas molas fiquem tensionadas durante os períodos em que os equipamentos não estão sendo usados.

Já que essa segunda teoria diz apenas que “não faz nenhuma diferença”, eu prefiro pecar pelo excesso de cuidado e recolher as marchas da bike, tirando a tensão das molas. Uma bike não é como uma arma, logo não precisa estar em posição de “pronto uso ou carregada”. Quando você for pedalar, basta mudar as marchas e sua bike está pronta, sem o risco de desgaste prematuro.

  1. Não acompanhar a vida útil das peças

 

Algumas peças precisam ser trocadas ou pedem manutenção de tempos em tempos, mas nem sempre isso é fácil de ser observado.

Quando um pneu começa a ficar careca ou tem algum rasgo, qualquer amador sabe dizer que deve ser trocado, porém uma corrente, cassete ou parte interna de um cubo podem estar em atraso com a manutenção e podem acabar virando uma bomba relógio na sua mão.

Não trocar a corrente na hora certa pode significar uma catástrofe na sua vida. Isso pode ocasionar a deterioração do seu cassete e coroa, fazendo com que você gaste mais dinheiro ainda. Na pior das hipóteses, pode ocasionar uma quebra da corrente no meio do seu treino, fazendo você ter que voltar a pé pra casa ou até se acidentar.

Uma suspensão que passou da hora de ser revisada ou freios que pedem por sangria ou pastilhas novas não podem entrar em atraso, ou você pode se acidentar e gastar muito mais dinheiro.

São vários os exemplos de manutenções “invisíveis” que precisamos saber acompanhar. No próximo texto podemos abordar essas principais dúvidas, que tal?

Grande abraço e bons pedais!

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